Canto do amor natural (reedição) e Marcelino do Santos personalidade multifacetada e homem do povo (inĂ©dito) sĂŁo os tĂ­tulos dos livros apresentados ao pĂşblico esta sexta-feira, na cidade de Maputo. Na cerimĂłnia de apresentação esteve o Presidente da RepĂşblica, que explicou a importância de se divulgar a obra de um poeta da liberdade.

Antes de ler o discurso preparado para a ocasiĂŁo, o Presidente da RepĂşblica iniciou a sua intervenção com um parĂŞntesis. No pĂłdio montado no Centro de ConferĂŞncias da Tmcel, na Cidade de Maputo, Filipe Nyusi disse que declamou várias vezes o poema ‘É preciso plantar’, do livro Canto do amor natural, de Marcelino dos Santos. A afirmação do Presidente foi feita instantes depois do poeta Sangare Okapi ter recitado o mesmo poema numa cerimĂłnia que contou com a presença dos membros da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e de alguns polĂ­ticos. A seguir, Nyusi acrescentou que vai negociar com a Ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, para interpretar aquele poema na orquestra onde Ă© maestrina, para depois adquirir os direitos da obra e ceder Ă  Fundação Marcelino dos Santos.

Terminada a introdução, Nyusi considerou que as obras Canto do amor natural Marcelino do Santos personalidade multifacetada e homem do povo elucidam o amor que o poeta e polĂ­tico nutriu pela pátria e pelos povos, no longo caminho para a liberdade. Por isso, segundo o Presidente, os dois livros concorrem para consciencialização dos africanos e do mundo inteiro em relação aos temas ligados Ă  opressĂŁo dos povos oprimidos. Os poemas de Marcelino dos Santos, disse Filipe Nyusi, serviram para perpetuar a cultura moçambicana e conduzir o repĂşdio ao colonialismo.

No seu discurso, o Presidente da RepĂşblica realçou que Marcelino dos Santos foi um homem itinerante, que conviveu com os maiores revolucionários do seu tempo. De seguida, lembrou que a cerimĂłnia designada “Um ano celebrando Kalungano” aconteceu depois do falecimento de um dos melhores filhos de Moçambique, ano passado. Por isso, o Governo juntou-se Ă  Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) para a valorização da vida e obra de quem cuja trajectĂłria confunde-se com a histĂłria das letras e do paĂ­s. ‘A sua vida nĂŁo se dissocia da nossa histĂłria pela liberdade’, reforçou: ‘Marcelino dos Santos usou a literatura como poderoso instrumento de resistĂŞncia’.

Na percepção do Presidente, o carácter multifacetado de Marcelino dos Santos fez com que os seus poemas contribuíssem para coesão e unidade dos povos.

Com o lançamento de Marcelino do Santos personalidade multifacetada e homem do povo e reedição de O canto do amor natural cumpre-se a promessa feita pelo Governo, ano passado, quando disse que continuará a plantar a obra de Kalungano nos corações dos moçambicanos.

Já a terminar a sua intervenção, o Presidente da República disse que no contexto actual de Moçambique a cultura deve continuar a ser um factor de coesão, de paz e de desenvolvimento inclusivo fundamental para diversificar a economia e reduzir as desigualdades sociais, afinal a própria cultura, em geral, e a literatura, em particular, são importantes para identidade de qualquer povo.

 

O canto do amor natural

Na cerimĂłnia realizada esta sexta-feira, o relançamento de O canto do amor natural teve como apresentador Marcelo Panguana. No seu discurso, o escritor reafirmou que a poesia foi sempre uma forma de luta, na visĂŁo de Marcelino dos Santos. Assim sendo, o seu livro nĂŁo poderia fugir Ă s denĂşncias das atrocidades coloniais e Ă  manifestação da aspiração da liberdade.

Panguana disse ainda que O canto do amor natural deixou de ser um simples livro para se transformar numa obra de consulta e de manutenção da memĂłria colectiva: ‘Obra de referĂŞncia histĂłrica que prestigia a histĂłria e a literatura moçambicana’.

 

Marcelino do Santos personalidade multifacetada e homem do povo

Para Marcelo Panguana, Canto do amor natural Ă© um livro que tem Moçambique como epicentro, mas a viagem de Kalungano Ă© mais longa. Por essa razĂŁo, Manuel TomĂ© admitiu ser muito pequeno para apresentar a vida e a obra de uma figura tĂŁo soberba quanto foi o herĂłi nacional. Seja como for, o apresentador do livro defendeu ser relevante que as gerações vindouras conheçam a sua histĂłria para que compreendam o presente e perspectivem o futuro.

Assim, a obra Marcelino do Santos personalidade multifacetada e homem do povo deve tambĂ©m ser objecto de estudos nas escolas e nas universidades.

O livro sobre a vida e obra de Marcelino dos Santos conta com depoimentos de pessoas que com o poeta da liberdade conviveram. De forma leve, segundo sublinhou Manuel TomĂ©, conta a vida de Kalungano como se tudo o que fez tivesse sido natural, sem sacrifĂ­cios. ‘O livro serve para compreendermos o papel de Marcelino dos Santos na libertação e na construção do paĂ­s.

 

Outras intervenções

O canto do amor natural foi reeditado sob a chancela da AEMO. Presente na cerimĂłnia, o Secretário-Geral, Carlos Paradona, disse que Ă© uma honra para os escritores juntarem a sua voz para recordar o poeta Kalungano. Os escritores prestaram tributo ao poeta nĂŁo apenas como um eterno membro da AEMO, mas tambĂ©m como cultor de tantos valores indispensáveis para a cidadania.

A seguir ao Secretário-Geral da AEMO, interveio o Presidente da Fundação Marcelino dos Santos. Leopoldo da Costa revelou que o objectivo alcançado em relação à publicação de um livro sobre Kalungano foi perspectivado em 2005.

Marcelino do Santos personalidade multifacetada e homem do povo sai sob a chancela da Alcance Editores, na cerimĂłnia representada por Rui Rocha, para quem ‘recordar Marcelino dos Santos será sempre importante. ‘Continuaremos a colaborar com a fundação para dignificar o seu nome’.

A cerimĂłnia contou ainda com momento musical, protagonizado pela Banda Kakana.