A crise de água agravou-se nas últimas duas semanas na cidade de Nampula. A chuva continua a não cair e a barragem que fornece água à cidade ficou com apenas 22% da sua capacidade de encaixe. O FIPAG está a fazer obras de emergência para reverter o cenário.

Aglomerado de pessoas num ponto de fuga de água…recipientes vazios, outros ainda em processo de enchimento lento, este é o cenário que encontramos num dos bairros periféricos de Nampula na manhã desta quarta-feira. Nas torneiras, o líquido precioso não jorra com regularidade e quando acontece é por poucas horas, geralmente três a quatro. E porque sem água não há vida, qualquer fonte deste líquido vale, ainda que sem a qualidade desejada.

“A gente não sabe qual é o problema, só estamos a vir aqui acarretar esta água. Nem sei de onde sai esta água”, disse  Tonisa Isabel, que a encontramos no meio a um aglomerado num ponto de fuga, com lixo à mistura.

“Assim ainda não lavei nem pratos, nem fraldas, nem nada”, lamentou Admira Armando, onde munícipe de Nampula que a encontramos no mesmo local.

Nos últimos dias, tornou-se normal ver pessoas nas ruas, de um lado para o outro, com recipientes de água ou à procura da mesma. As motorizadas também entram no movimento de busca de água.

Com a crise, a rede do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água, FIPAG, está a ser vandalizada em muitos pontos, o que cria outros problemas de qualidade da água que é distribuída.

“Este tubo tinha um furo. Agora, em esta crise, as pessoas tiram água aqui mesmo”, explicou Raquide Abudo, num dos pontos de vandalização da tubagem.

A crise de água na cidade de Nampula deve-se à falta de chuva nesta parte do país. A barragem sobre o rio Monapo onde se capta água ficou com apenas 22% da sua capacidade de encaixe, estimada em 3.7 milhões de metros cúbicos.

Para termos ideia da gravidade do problema, dizer que o poço de captação que tem 10 metros de altura que a água atinge no seu nível máximo, neste momento a água existente faz apenas 2,4 metros.

O FIPAG iniciou obras de emergência que consistem na introdução de bombas para conseguirem captar mais água da pouca existente na albufeira em profundidade.

“Estamos agora a abandonar a operação normal que tem sido feita através daquele poço e estamos a montar as bombas de emergência, como também estamos a preparar uma plataforma flutuante que vamos montar lá as bombas que é para cada vez mais ir buscar água num sítio onde for possível. Neste momento, o nível de operação por dia é de cerca de 13 mil metros cúbicos contra a captação normal de 40 mil metros cúbicos”, esclareceu Elídio Khossa, director dos Serviços Centrais de Operações do FIPAG.

Enquanto isso, no campo de furos de Namiteca foi montado um gerador para operacionalizar alguns furos, a partir dos quais os camiões-cisterna deverão tirar água para aliviar a rede pública. Igualmente, estão a ser montados 31 fontanários móveis nos bairros mais críticos.